segunda-feira, 16 de abril de 2012

Incubus - [2001] Morning View

















Lembro-me de ter escutado Incubus pela primeira vez em meados de 2006, quando Anna Molly tocava sem cessar nas rádios e na MTV. Naquela época eu ainda não entendia o quão diferente a banda era de tudo o que ouvíamos no mainstream e alguns anos se passaram até que eu buscasse de fato ouvir a banda, que me chamou a atenção novamente em sua apresentação no SWU de 2010, tanto pela parte instrumental da banda, muitíssimo bem trabalhada por seus excelentes músicos, quanto pela presença de palco e pelo vocal impecável de seu frontman, Brendan Boyd.

Lançado em 2001, o disco Morning View deu continuidade aos novos rumos tomados pela banda, já apresentados em seu trabalho anterior, Make Yourself, de 1999 (que nos apresentou a canção Drive, uma das músicas mais marcantes e tocadas do início da década passada), fugindo da pegada new metal de seus dois primeiros discos. O disco abre com Nice To Know You, uma das músicas mais pesadas já gravadas pela banda, e ainda assim com texturas de violão e guitarra interessantíssimas e um excelente trabalho nos pick-ups, fugindo dos exageros cometidos pela maioria das bandas que possuem um DJ entre seus membros. A variedade de passagens e a forma como o peso e o belo uso de violões se encaixam são alguns dos elementos que colocam o Incubus anos-luz a frente de grande parte das bandas de rock contemporâneo. A faixa seguinte, Circles, nos dá uma demonstração de que a mudança na orientação sonora da banda (principalmente no que diz respeito às guitarras, antes uma combinação de PRS e amplificadores Mesa Boogie, conhecidos por seu timbre pesadíssimo e moderno, substituídos por guitarras e amplificadores “vintage”) não tiraria o peso característico da banda, que também é presente nas em suas “baladas”, como ocorre em Wish You Were Here, que apesar de homônima, não tem nada a ver com a canção do Pink Floyd, mais uma vez misturando belíssimas passagens limpas com outras mais sujas, mas que combinam perfeitamente com o contexto da música.

O disco segue esta mistura até seu final, com todos os músicos demonstrando um perfeito entrosamento. Talvez seja injusto, mas como sou guitarrista, preciso destacar o papel de Mike Eizinger na banda, com seu fraseado e riffs extremamente eficientes e que fogem do lugar comum de boa parte do “mundo dos guitarristas”, ao incorporar vários elementos experimentais em suas linhas de guitarra, lado a lado com seus riffs pesadíssimos, provando que não são necessários solos infinitos na velocidade da luz para se colocar um guitarrista em posição de destaque dentro de uma banda.

Morning View é um dos trabalhos mais importantes dos anos 2000, representando muito bem o que o Incubus produz, com todos os elementos que colocam a banda em destaque, fugindo da mesmice que atingiu o rock no fim dos anos 90 e no começo da década que se seguiu. Se você não conhece a banda, vá fundo, pois é uma das melhores bandas contemporâneas, com um estilo musical bastante ímpar.


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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

A Perfect Circle - [2000] Mer de Noms


O A Perfect Circle foi formado em 1999 por Maynard James Keenan, vocalista do grandioso Tool e do não-tão-grandioso assim Puscifer e pelo guitarrista Billy Howerdel. Além desses grandes nomes, já passaram pelo grupo os não menos geniais Troy Van Leeuwen, conhecido por seu trabalho no Queens Of The Stone Age, James Iha, ex-guitarrista dos Smashing Pumpkins e Josh Freese, talvez o mais monstruso baterista que tenha passado pelo Nine Inch Nails. Geralmente não dou muita bola para estes super-grupos, mas no caso do A Perfect Circle conseguiram fazer algumas obras memoráveis. E é o caso deste trabalho em questão, o disco de estréia Mer De Noms. O disco, aliás, teve grande vendagem, atingindo a 4ª posição na Billboard 200, feito inédito para um debut. Como todos os trabalhos do Tool, a marca de Keenan é claríssima no disco: trata-se de um trabalho extremamente pessoal e intimista, a começar pelo nome do disco: "mar de nomes". Quase todas as canções são direcionadas a pessoas conhecidas pelo vocalista.
Logo na primeira faixa (The Hollow) percebe-se que o disco foge bastante da absurda complexidade presente em todos trabalhos do Tool, tornando o APC uma banda muito mais fácil de se "digerir" nas primeiras audições. O que não quer dizer que as músicas sejam simples - o disco é recheado por excelentes linhas de bateria, um baixo marcante, guitarras muito bem trabalhadas, e a cavernosa (e poderosa) voz de Maynard Keenan. Em linhas gerais, é um disco que pode causar um certo estranhamento para fãs de Tool, por ser um trabalho menos obscuro e com menos "subliminaridades", além de deixar de lado a abordagem psicológica sempre ali presente, tendo até um certo apelo comercial, mas sem deixar de lado a qualidade. Para não iniciados, recomendo a audição de Magdalena e Judith, que são uma boa introdução para este belíssimo trabalho que é absolutamente essencial para todos aqueles que acreditam que música de qualidade ainda tem espaço no mundo.

domingo, 22 de maio de 2011

Mogwai - [2011] Hardcore Will Never Die, But You Will


Disco recém-lançado (menos recém-lançado do que eu pensava, saiu em Fevereiro) dessa grande banda de Glasgow, Escócia. O nome Mogwai, para quem não sabe, foi retirado do filme ultra clássico Gremlins, de Joe Dante, e significa fantasma, em chinês. É difícil descrever o som de bandas instrumentais, principalmente quando se trata de uma banda de post-rock. O som do Mogwai em alguns casos sequer pode ser descrito como música, no sentido tradicional da palavra... penso que o termo "soundscape" caiba muito bem ao que o quinteto faz. Sei que não é algo para se ouvir o dia todo, mas se encaixaria perfeitamente como uma trilha sonora para a vida. Ouvir Mogwai enquanto se anda na rua torna tudo uma experiência quase cinematográfica. Apesar dos vários elementos eletrônicos em seu som (como na ultra viajante Mexican Grand Prix), o que temos aqui é um disco fantástico, atemporal e tocante. Música para os ouvidos, alma e mente, recomendado para metaleiros, stonerzeiros, eletroniqueiros e outros "eiros".


sexta-feira, 20 de maio de 2011

Taylor Hawkins & The Coattail Riders - [2010] Red Light Fever


E aí meus queridos, tudo certo? Mesmo que eu tenha dito o contrário, sei que demorei MUITO para tomar vergonha e atualizar o blog, mas, whatever. A preguiça é maior. Vou seguir por aqui um caminho um pouco diferente do Fuelforamav, fazendo reviews mais enxutos e rápidos, esmiuçando menos as músicas e tratando os discos de maneira mais geral. Bom para os que tem preguiça de ler, além de não estraga algumas surpresas.

Vocês devem saber quem é Taylor Hawkins, certo? Para os menos informados, é o excelente baterista do Foo Fighters. Neste projeto paralelo (que já havia rendido um disco em 2006, que logo mais posto por aqui), além das baquetas, Taylor também é responsável pelos vocais. E diga-se de passagem, o cara manda muitíssimo bem. O disco circula ali entre o pop rock e os experimentalismos de forma magistral, com fortes referências ao som do Foo Fighters (não me diga!), Queens Of The Stone Age, Beatles e Queen. Entretanto, estas referências - as vezes muito fortes - não retiram da banda sua forte personalidade. Pelo contrário, temos aqui um disco extremamente criativo, com letras e temas bastante grudentos e cantantes, mas de uma complexidade musical pouco vista dentro do Pop, seja pelas inúmeras sobreposições de camadas de guitarra (assim como o grande Brian May, no Queen - que aliás, não raramente faz aparições ao lado de Dave Grohl e cia, e, não diferente, faz no disco algumas participações, ao lado de seu parceiro de Queen, Roger Taylor) ou pelas variações nos tempos das músicas, além das dissonâncias e solos malucos.

O interessante é que o disco serve muito bem para ser ouvido nas duas formas de se ouvir um disco - se é que essa frase fez algum sentido -. É um disco bastante agradável de "ouvir por ouvir", enquanto você faz nada no facebook, orkut, twitter, etc, etc. Mas, se ouvido com mais atenção, se revela um disco até que bastante complexo, cheio de texturas e timbres diferentes, citações musicais (em músicas que passam de um punk rock frenético a um solo que poderia muito bem estar presente no disco Jazz, do Queen, ou na faixa Way Down, que começa com aquele climão yeah yeah yeah dos Beatles, caindo num refrão robot-rock-bate-estaca que não decepciona Josh Homme, que também poderia ter composto e tocado Sunshine, além de uma faixa entitulada James Gang), intercalando canções mais calminhas, baladeiras e músicas mais rápidas.

Confesso que, mesmo tendo baixado o disco logo que este foi lançado, demorei alguns meses para ouvi-lo. Espero que não cometam o mesmo erro, pois este é um dos melhores lançamentos do ano de 2010. E logo mais escreverei sobre o novo do Foo Fighters, Wasting Light, que você provavelmente já baixou. Mas leia, mesmo assim.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Dando continuidade...

Bom galera, pretendo por meio deste blog dar continuidade ao que vinha fazendo no fuelforamav (não se entenda aqui dar continuidade ao longo tempo sem postar, haha), mas com uma abordagem mais ampla da música - quem me conhece sabe que é óbvio que vou continuar postando rock'n roll de primeira, mas pretendo variar um pouco -, além de tratar de cinema e variedades. Enfim, prometo continuar com os reviews detalhados de discos que você provavelmente nunca ouviu falar antes, mas também pretendo fazer reviews de discos que você já ouviu falar, mas não escutou por pensar que eram ruins. Enfim, não vou estragar as surpresas.

Espero que acompanhem o blog, e que o divulguem, por favor. E é sempre bom ressaltar que todo material que seja eventualmente postado por aqui não me pertence, e que as respectivas gravadoras e bandas têm todos os direitos sobre estes. O objetivo aqui não é incentivar a pirataria de forma alguma, e sim de divulgar a boa música e o bom cinema.